sábado, 14 de maio de 2011

Capitulo 15 - Meu novo amigo.

Depois que Caio confessou ter uma namorada, eu comecei a tentar me desiludir, parar de pensar nele, tentar parar de gostar dele. Mas quem consegue mandar no coração, me conte qual é o segredo que eu também quero mandar no meu e poder dizer de quem ele gosta ou deixa de gostar ....
Conversei com Camila e expliquei pra ela que eu não queria voltar pro colégio, que lá era chato e não era nada do que eu queria pro meu futuro, eu já me preocupava demais em estar viva para ter que aguentar tudo aquilo.
Então tive uma idéia, pedi que Camila fosse pro colégio e dissesse pro tenente Fuller que meus pais faleceram num acidente de avião e que eu estava em choque e havia ficado gravemente doente e estava repousando na casa dela e não voltaria mais ao colégio pois iria cuidar dos negócios da família e meu sonho de ser da aeronáutica havia acabado.
Acho que funcionou porque ela me ligou mais tarde pra dizer que o tenente havia ficado comovido com a tragédia porém nem quis me visitar por ter pavor a gente doente. Ele compreendeu meus motivos por não querer voltar e não voltou a tocar no assunto.
Por um momento eu me senti muito aliviada por não ter que enfrentar toda a pressão daquele lugar assustador e por me sentir segura numa casa onde as pessoas gostavam de mim, eu me sentia protegida ali.
Como parte do acordo por eu ficar na casa dela, estabeleci algumas regras que eu deveria seguir, como por exemplo, ajudar na faxina da casa, no preparo das refeições, e em o que mais precisassem de uma mãozinha. 
Os primeiros dias aqui sem ter com quem conversar de verdade como eu e Camila conversávamos, foram meio tristes, mas tudo começou a melhorar quando eu fiz amizade com um dos primos dela, o Henrique.
Henrique era um garoto bacana, humilde e bem simples, usava roupas de cowboy e falava com um sotaque diferente. Naquela manhã ele havia me convidado para passear numa pracinha perto do bosque sem árvore.
Ficava ali perto da casa da Camila, e era até um ótimo lugar pra se relaxar, pra pensar na vida, pra curtir o momento, qualquer ocasião...
-Nossa mas que lugar lindo é esse?! - exclamei observando a paisagem.
-É meu cantinho secreto, é pra cá que venho quando estou triste e quero refletir sobre algo, ou quando estou muito feliz, ou quando tem alguém especial comigo. - sorriu.
Fiquei sem graça e corei as bochechas - Óra seu bobo assim você me deixa sem graça!
-Não precisa ficar sem graça você esta com um amigo, não tem motivo pra ter vergonha de nada  =)
-Mas e ai Brisa, porque você não voltou com a Camila pro colégio? - perguntou ele sorrindo enquanto recostava-se no banco.
-Enrique, eu já te contei... falei meio sem jeito - Meus pais faleceram...
-Ta, mas tem algo em você que diz que isso não é verdade... - disse sorrindo.
Senti um arrepio na espinha e minhas mãos começaram a suar... quase gaguejando tentei falar - Ma-Mas .... como, como você pode saber?
Ele me olhou, não parava de sorrir pra mim, e disse - Brisa, você sabe que é minha amiga não é? E como seu amigo, acho que já fiquei perto de você o suficiente pra saber os seus tipos de olhares.
-Tipos de olhares? - sorri corada - Como assim tipos de olhares?
-Você tem pelo menos 5 tipos de olhares - sorriu.
-Então qual é esse meu tipo de olhar que fez você duvidar do que eu disse?
-É o quinto olhar. O olhar de quando você esta mentindo, porém não quer mentir por isso sua expressão fica mais fria e seu olhar entristece, é como se você mentisse por necessidade não por que tem vontade.
Aquelas palavras me deixaram sem saber como agir. Será que eu havia me denunciado tanto assim? Eu não tinha escolha, depois disso não dava pra esconder o jogo dele. Faziam duas semanas que nos tornamos amigos e ele parecia me conhecer mais do que eu pensava.
-Tudo bem, vou te contar toda a verdade, mas você vai me prometer que não vai contar a ninguém.
-Prometo. - disse ele agora sério prestando atenção em minhas palavras.
Contei toda a história desde o começinho até a idéia do falecimento de meus pais, ele ficou chocado, como uma garota de apenas 15 anos poderia ter tantas preocupações e tantos problemas!?
-Eu sinto muito ... pela sua verdadeira mãe... - disse com ar de pena.
-Mas eu não quero que tenha pena de mim, quero apenas que tenha compreensão que eu não menti por mau, ta? - falei.
-Ah Brisa você acha que eu ligo? Se eu descobri isso muito antes e não disse nada quer dizer que não me importo né. Sei que tinha boas razões pra fazer isso, e agora que me contou, descobri que eram razões mesmo muito sérias!!! - sorriu.
Ele era maravilhoso, um amigo muito especial. Ficamos conversando ali durante tempo, então, ele perguntou - Mas me conta, quem tanto sabe sobre isso?
-Camila, Caio e agora você. - disse.
-Hmmm.. E quanto ao Caio, como é que estão as coisas? - disse.
-Não estão! Eu não quero nada com aquele chato. Ele já me magoou o suficiente....
-Olha o terceiro olhar.... - disse apoiando os dedos no meu queixo e levantando minha cabeça até sus olhos - o olhar de quando esta triste e não consegue esconder a dor de algumas lembranças...
-Você já esta querendo descobrir coisa coisas demais!!! E esta quase conseguindo!!! - sorri mudando de assunto. - Vamos voltar pra casa da tia Rê?
-Tuuuuudo bem! - riu - Uma coisa de cada vez .. já entendi.. Vamos. 
Ainda bem que encontrei um companheiro tão divertido e compreensivo, muito mais legal que o Caio. Me sinto tão bem!

Continua...

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