-Como é minha filha? Já disse que não quero que se meta nos meus negócios! - rosnou Cortez.
-Mas pai, eu posso ajudar! - disse Evelin - Eu ouvi o papo de vocês aquele dia! Você grita tanto que da pra ouvir até no porão da casa!
-Menina, mais respeito!
-Te respeito se me respeitar e enxergar que quero ajuda-lo a pegar a Brisa!!! - exigiu.
-O que? Você conhece essa menina?
-É o que estou tentando dizer! Não só conheço como já convivi com ela e tenho contas a acertar com aquela vigarista.
O chefe, ou Cortez, como era conhecido pela filha Evelin, acomodou-se em seu trono e chamou-a para sentar-se em seu colo e lhe contar tudo o que sabia sobre essa menina Brisa.
Alguns momentos depois de toda a história contada por Evelin desde quando se conheceram no colégio militar, Cortez pediu que ela fosse pra o quarto e agradeceu a filha pelas informações recebidas.
-ALDO!!! - gritou para um de seus seguranças - Chame Gatuna aqui! AGORA!
Assim o segurança fez, em poucos instantes Gatuna já estava lá.
-Chamou-me chefe? - disse a mulher.
-Chamei sim... - deu uma pausa - A hora é agora, a pista de que precisávamos chegou e você tem uma tarefa.
A espiã ficou observando-o com ar de maldade como quem pensava "Que ótimo, finalmente um serviço a altura!" enquanto ele continuava - Quero que você siga ela, vigie-a, seja a sua sombra! E nos dê todas as informações possíveis.
-Sim chefe. E onde esta se encontra? - disse pronta para iniciar a missão.
-Ela foi vista na rua do Prado, num dos apartamentos do governo para estudantes. Qualquer movimento dela eu quero ser informado, se ela levantar um dedo eu quero saber de que mão foi, se ela respirar eu quero estar sabendo!! Quero a ficha completa desta garota! Tudo o que precisa já foi enviado para a sua toca. Vá!
E assim ordenado, Gatuna saiu correndo como uma ninja, esgueirando-se dos obstáculos a sua frente e saltando pelas paredes como uma gata.
De manhã, no apartamento de Henrique.
-Que noite a de ontem! - Exclamei entrando na cozinha.
-Nem me fale, não quero pensar nisso nem falar. - disse Henrique esquivando-se da conversa.
-Claro, eu também não quero falar nisso. - apoiei tristonha.
Henrique vendo a maneira como eu me portava, veio até mim, e acariciando meu rosto disse num tom calmo e meigo - ô gatinha, você gosta muito dele né...
-Esta tão na cara assim? - falei derramando uma lágrima.
-É... Eu te entendo. - disse meio triste.
-Por favor não fique assim, não quero entristece-lo anda mais. Estamos juntos, é o que importa, não é?
-Será mesmo que é Brisa?... - fez uma pausa. Caminhou até a sala e olhando pela janela, ficou de costa para mim e fechou os olhos.
Eu o segui, não queria que ficasse triste, eu me importava com ele, mesmo amando Caio eu não o queria ver tão mau daquela maneira. Sentia-me mau por pensar que ele estaria mau pensando em mim e em meus sentimentos por caio que pareciam não cessar nunca.
-Henrique. Me perdoe - falei cabisbaixa - Eu não queria que fizesse mau juízo de mim, sei que estamos namorando, e sinto-me terrível por estar contigo pensando em outro... Mas eu não consigo segurar meus pensamentos, quando vejo, eles já voaram até ele.
-Gatinha... - disse olhando para mim e sorrindo carinhosamente - Eu te entendo, já disse. Sei como é estar com alguém pensando em outro alguém. Estamos namorando mas nossos sentimentos são mais de irmão pra irmã do que namorado par namorada.
-O que quer dizer com isso? - espantei-me com sua atitude em relação a conversa - Eu gosto sim de você!
-Tanto quanto gosta dele?
Eu calei. Não pude responder a pergunta até mesmo porque o silêncio respondera por mim.
-Viu. é disso que falo - disse pegando em minhas mãos - Nós nos amamos, mas como irmãos, um amor muito mais forte, muito mais significativo!
Então ele abraçou-me e sussurrou em meu ouvido - Brisa, minha querida Brisa. Estamos juntos nessa, para sempre! Mesmo que acabemos separados estaremos unidos. Eu nunca vou te abandonar porque eu te amo! E não permito que nenhum mau lhe aconteça.
Aquelas palavras me fizeram chorar mais ainda. Sentia-me tão segura em seus braços que por um momento consegui esquecer tudo, até o Caio, e senti apenas aquele instante, aquele abraço, aquele sentimento puro e sincero de um grande amigo.
Olhei-o e acariciando seu rosto perguntei - Ainda estamos... Namorando, né?
Ele sorriu e beijou-me com tanto amor que novamente nem tive tempo de lembrar do Caio.
-Sim! - ele respondeu - Estaremos sempre juntos não importa o que acontecer!
-Obrigada Henrique!!!! - abracei-o novamente - Precisamos ir lá na casa da tia Rê para pegar minhas roupas. Você vem comigo?
-Só se for agora!!!! Vamos gatinha!
Continua...